SOBRE NÓS

A nossa História

A Associação Nacional dos Criadores do Porco Alentejano foi constituída no dia 7 de Junho de 1991 e cumpre em 2016 vinte e cinco anos de existência a representar o Porco Alentejano e os seus Criadores. O trabalho realizado neste quarto de século procurou responder às necessidades da produção e do sector. Este período dividiu-se em quatro grandes ciclos de progresso.

O primeiro ciclo caracterizou-se pela organização dos produtores em torno de uma causa colectiva. A constituição da ANCPA e posteriormente da UNIAPRA serviram de base para a gestão organizada de uma raça que estava em risco de desaparecer. Ao mesmo tempo foram criadas protecções a produtos de qualidade na tentativa de impulsionar o mercado do porco alentejano que à data subsistia maioritariamente pelas matanças caseiras.

No segundo ciclo de actividade foram organizados os primeiros serviços aos associados para responder às necessidades da produção. Teve início a concentração da oferta e a comercialização em grupo nos mercados de montanheira e salsicharia. Desenvolveram- se soluções para garantir a qualidade diferenciada assim como serviços de ordem técnica para assegurar o crescimento qualitativo das produções. São exemplo, o aparecimento das Rações ANCPA, os serviços de biopsias e de pesagens, o gabinete veterinário e o aproveitamento de montados para reposição.

A deslocação da Sede da ANCPA para Évora permitiu um crescimento mais rápido na representação da associação e uma melhoria significativa na qualidade e rapidez dos serviços apresentados. Foi o ciclo de maior crescimento em associados e em número de animais representados.

O terceiro ciclo caracteriza-se pela gestão da crise iniciada nos finais de 2007. A associação foi obrigada a mostrar-se ao mundo da política e da governação. Internamente criou programas de auxílio aos criadores, bastante penalizados pela degradação do mercado e pelo aumento significativo do custo dos factores de produção. A gestão do Livro Genealógico passou a ser efectuada pelo ACEPA – ACE.

Com a inversão do sentido de mercado no final de 2012 iniciou-se o quarto ciclo de actividades que dura até aos dias de hoje. Foram implementados vários projectos anteriormente ambicionados. São exemplo a constituição da ALPORC SA, a publicação da “Norma do Porco Preto” e o surgimento dos produtos transformados da ANCPA. Neste período a associação teve um papel relevante na continuidade da aceitação dos porcos nacionais na “Norma de Qualidade” de Espanha, que suporta mais de 90% do mercado.

 

1991

A produção do Porco Alentejano era abundante nos anos 50. A raça representava a maioria das populações suinícolas existentes a sul do rio Tejo. A Industria transformadora e os matadouros estavam localizados no Montijo. O aparecimento das sucessivas pestes suínas, a alteração dos hábitos dos consumidores para uma alimentação menos gorda, o aparecimento das tecnologias de extracção de óleos vegetais e a substituição dos efectivos por raças precoces, levaram a raça quase à extinção. A produção de porcos alentejanos limitou-se a um pequeno grupo de famílias alentejanas que se recusaram a abandonar a raça.

Desde os finais dos anos 80 que um grupo de criadores do porco alentejano partilhava a necessidade de se unirem para conseguirem, além da recuperação da raça, melhores condições de comercialização e de negociação dos factores de produção através da concentração. As indústrias transformadoras nacionais do Montijo transformavam essencialmente o porco branco de raças precoces e a logística de transporte para Espanha, onde a indústria de transformação do porco alentejano que estava em pleno crescimento, era bastante complicada.

No início dos anos 90 o porco de raça alentejana tinha um efectivo reprodutor bastante reduzido e a Direcção Geral de Veterinária, gestora do LGPS – Livro Genealógico de Suínos – mostrou abertura a que alguma entidade ficasse responsável pela gestão da secção raça alentejana do LGPS. Esta foi a oportunidade que o grupo de criadores necessitava para se organizar.

1994

Foi em 1992 que se começou a estruturar novamente a produção do porco alentejano. Em 1994 é oficializada a transferência definitiva da secção da Raça Alentejana do LGPS para a UNIAPRA.
O número de associados aumentou consideravelmente em 1994 com o início oficial dos Registos
Zootécnicos. O número de associados da ANCPA em 2000 era de 79 criadores activos
que representavam 2066 porcas reprodutoras.

A ANCPA durante estes anos teve como prioridade angariar criadores do Porco Alentejano e não deixar de inscrever no LGPS as populações genéticas existentes representativas da raça, de forma a aumentar a variabilidade genética fundamental para iniciar os processos de conservação e melhoramento. Paralelamente aos processos do LGPS, a ANCPA contribuiu activamente na criação das protecções de produtos protegidos, Presunto de Barrancos DOP e Carne de Porco Alentejano DOP que foram geridas inicialmente pela UNIAPRA.

O objectivo da associação foi o da valorização dos produtos como forma de encontrar mercados para o bom escoamento dos animais dos associados. A ANCPA é reconhecida como Organismo Privado de Controlo e Certificação do Presunto de Barrancos em 1995. Em 1999 para cumprir com os critérios de independência obrigatórios inerentes aos Organismos de Certificação, a gestão do Presunto de Barrancos passa para a ACPA que também oficializa o reconhecimento da Carne de Porco Alentejano DO.

2001

O crescimento do efectivo reprodutor e o excesso de trabalho existente na UNIAPRA nos registos de reprodutores e de leitões no início de 2001, permitiram que as actividades de registo de nascimento passassem a ser efectuadas directamente pela ANCPA.
Desta forma, foi possível o acesso directo a todas as explorações de uma forma constante, que resultou numa melhoria significativa no relacionamento com o criador, na identificação dos problemas em contexto de produção e no início do aconselhamento técnico. Ao mesmo tempo ficou parcialmente resolvido o problema de financiamento da estrutura através da cobrança dos serviços de identificação animal.

A maior proximidade e confiança com a produção permitiram identificar o número de animais para abate em cada exploração e o conhecimento das principais dificuldades comerciais existentes. Os vários criadores tinham distintos canais comerciais apoiados em vários comissionistas e as industrias a operarem em Portugal eram poucas e apresentavam modelos de contrato muito diferentes nas condições comerciais.

2003

A evolução técnica da qualidade das varas da ANCPA começou a ser procurada por grandes indústrias. Os contratos diferenciadores não só restringiam a qualidade da gordura a níveis ainda mais apertados, mas também seleccionavam partidas pela homogeneidade dos pesos e tipo de animal. Como resposta iniciámos em 2003 a monitorização da qualidade da gordura nas várias fases de crescimento, engorda e remate através de biopsias efectuadas nas explorações. Este serviço foi efectuado inicialmente pela UNIAPRA e passou a ser serviço da ANCPA a partir de 2005. Para fornecer partidas de porcos bastante homogéneos de peso iniciámos em 2003 as pesagens das varas de montanheira. Os modelos das estruturas de pesagens foram desenvolvidos e aperfeiçoados pela ANCPA. Este processo de registo de qualidade de gordura e de pesagens intervaladas permitiu o aumento considerável do conhecimento para a melhoria dos resultados em qualidade e em eficiência e traduziu-se na melhoria significativa do número de indústrias interessadas na comercialização.

2004

O crescimento da ANCPA em número de associados e em efectivo reprodutor foi notório desde o início da implementação de serviços. O ciclo de mercado favorável e a agilização dos processos comerciais pela concentração da oferta resultou e justificaram o aumento do número de animais comercializados nos mercados de montanheira e salsicharia. A área de abrangência da actividade da ANCPA no final de 2003 já ultrapassava Castelo Branco a nordeste, Vila Verde de Ficalho a sudeste, Porto Alto a Noroeste e Beja a Sudoeste.

A criação das novas actividades e serviços entre 2000 e 2005 proporcionaram à ANCPA uma vasta experiência na área técnica e comercial que se traduziu em resultados bastante positivos para os criadores.

A ANCPA tem promovido o Porco Alentejano deste a sua existência através de feiras, publicações, jornadas, congressos e reuniões tendo por base a presença de animais, imagens e textos. A associação concluiu que para melhorar a comunicação com os agentes do sector, com os decisores públicos e principalmente com o consumidor deveria faze-lo através do que de melhor tem o Porco Alentejano: os seus produtos. Desta forma, a ANCPA iniciou em 2013 o abate e a transformação de 30 animais de topo de qualidade para mostrar o que de melhor se produz com a Raça. Esta transformação é efectuada no regime de prestação de serviços com a indústria instalada e os produtos resultantes são presuntos, paletas e paios de lombo. Em 2015 com o finalizar do processo de transformação das primeiras paletas, a associação iniciou o posicionamento comercial dos produtos em pontos de venda chave para a promoção do Porco Alentejano.

Actualmente

O que a ANCPA conseguiu ou contribuiu para o Porco da Raça Alentejana em 25 anos, foi alterar por completo um sector. Há 25 anos a produção era desordenada, não havia registos nem sanidade, os porcos que produzíamos eram pequenos e destinavam-se às matanças caseiras, não havia comercialização programada, não havia exportação, a legislação ou não existia ou era inadequada, o sector não se fazia representar junto do Ministério da Agricultura e outras instituições onde o porco da raça alentejana era um poço de problemas.